Democracia Gastronomica

Perto do meu trabalho temos uma série de restaurantes para saciar as vontades primitivas do homem. Trabalho na Rua Augusta, em São Paulo.

Calma! Para aqueles que conhecem, eu estou falando da fome, da vontade de comer! Literal. Alimentar e elementar. Sim, porque na Augusta pode-se matar todos os tipos de fome do homem.

Mas focando no tópico, temos várias opções para alimentar-nos. Quase todas igualmente péssimas. Geograficamente temos, parede com parede, um Mc Donalds. Você pode estar pensando "Pô, mas o Mc é bacana. Eles matam nossa fome de maneira rápida, indolor e você ainda pode ganhar um brinquedinho do lanche feliz." e sim, você está 90% correto.

Ainda assim, qual adulto do mundo atual consegue comer apenas um número do Mc? Ok, se você disser que come um, eu acredito. Mas se você me disser que fica alimentado o dia inteiro com apenas um lanche... desculpe, mas é impossível. Nessa de ficar alimentado você já gastou uns R$25,00. Se estiver namorando então, FUDEU... já eram cinqüenta mangos! (e não gostei da reforma ortográfica)

Mas nós não estamos abandonados. Um pouco mais longe temos um Habbib's, e mais longe um pouquinho um Ragazzo. Esses caras só podem estar de brincadeira.

O mais bacana do Habbib's são as esfiras tipo 'miojo' deles. Explico: tal qual o macarrão, as esfiras tem sabor de queijo, sabor de frango e especialmente sabor de carne! Sim, porque a única coisa que não tem naquela esfira é carne. Eles devem cozinhar o pimentão, a cebola e tudo o mais com caldo Kinnor. A de queijo, na verdade é de ricota. E a de frango eu tenho medo de descobrir de que ave vem aquela carne, porque até que tem bastante.

Sem dizer que o Habbib's não se contentou em ter seu restaurante árabe. Eles tinham que procurar novos horizontes. Nasceu o Ragazzo, o restaurante italiano do Habbib's. A única coisa que eu vejo as pessoas comendo lá são as saladas. Que de italianas não tem nem o molho!!!

Tudo bem, sempre que estamos desesperados acaba aparecendo uma luz no final do túnel. Temos um restaurante japonês. A comida é muito boa. Mas nem tudo é perfeito. O nome é em chinês, as comidas japonesas e o dono koreano.

Às vezes eu tenho até medo de perguntar se eu posso visitar a cozinha. Fico imaginando se do outro lado dos fundos do restaurante não existe um hospital veterinário. A ignorância é uma dádiva.

Semana passada, na saída do espetáculo parei numa dessas barraquinhas de yakisoba. Para os leigos, trata-se de um tradicional prato chines. Mas será que vocês ficariam surpresos se soubessem que quem estava cozinhando tudo era um koreano. Enfim, e do outro lado da rua tinha OUTRO! Outro cara vendendo yakisoba, e era koreano também (esses caras vão dominar o mundo).

Enfim, pedi um. Médio.

Me respondeu um grunhido. Algo meio Yasupo!

Ok, se começou a por as coisas na panela é porque isso é um sim. "Amigo, você vendo refri também?" Taiasd disse o korea, apontando pra frente com a cabeça.

"Então eu queria uma Coca." Ele sorri e me diz de novo Taiasd.

"Desculpa, eu não entendi..." Ele diz mais uma vez Taiasd, uio artew.

"Ah, tudo bem. Pode ser só o médio mesmo." Não, eu não havia entendido. Mas fiquei com vergonha de perguntar de novo.

Antes de ir embora ainda vi um coitado perguntar que horas eram pra quele sujeito importado (ilegal, talvez). A resposta? Piwur, mas tava parecendo já meio irritado de ninguém entender ele.

Em tempo. Quando fui embora entendi o que ele queria me dizer. Era pra eu comprar a Coca na banca de jornal atrás de mim. Já tinha comido, e já não estava com tanta vontade de uma Coca. Economizei R$2,00. Ah se eu fosse poliglota, eu estaria mais pobre.